quinta-feira, 5 de junho de 2014

Vitamina B12, atividade de síntese de methionina e status de thiol metabolite no cérebro autista

Autism One 2014 – Dr Richard Deth

Essa aula do Dr Deth no Autism One é fantástica! Dá um trabalhão ouvir, entender (sem poder ver os slides, pois não mostra), resumir e traduzir, mas creio que ficou bom. Qualquer observação construtiva é bem-vinda. Fiz o melhor que pude aqui, esse é um assunto que me interessa porque estou aguardando resultados de exames genéticos, dentre outros, e, mais que nunca, preocupada com a aplicação precisa e eficaz de suplementações! Infelizmente não poderei ficar respondendo perguntas sobre o assunto, pois também o estou estudando (devagar e sempre) e para chegar nesse ponto de estudo temos que entender outras coisas básicas para tal, então…(“mantenham a calma e vão devagar!”) :) Enjoy!
Imagem
Início da palestra:
Stress oxidativo – A natureza tem sua forma de administrar o corpo corretamente para que este não esteja super oxidado ou oxidado “de menos”, por assim dizer. Temos que evitar o excesso ou uma super redução desse processo.
Ele usa o termo REDOX – que é pra representar o meio termo entre estar muito reduzido ou muito oxidado. O objetivo é homeostase – Habilidade de manter o corpo em equilíbrio metabólico perfeito.
Esse equilíbrio acontece quando o stress oxidativo é controlado e encontra-se em estado ideal de equilíbrio.
A chave aqui é a glutathiona. E o que é? Glutathion é o maior antioxidante de todos os tecidos do corpo. Glutathion deve tomar muito nossa atenção no autismo!
Temos que pensar que tem algo de muito errado acontecendo no mundo nos últimos anos – o impacto ambiental, que impacta os níveis de glutathiona.  O aumento e acúmulo desse impacto nas pessoas = Poluição, vacinas, pesticidas, mercúrio, acetaminophen, etc…
Quando pesquisamos nas crianças autistas descobrimos que a glutathion é baixa no sangue. Pelo menos 1/3 menor que o normal de acordo com pesquisas, isso é muito!
 Não só a Glutathiona, mas outros metabólitos relacionados, do grupo metil, por exemplo.
 Isso significa que temos problemas com poucos antioxidantes e isso afeta o processo de metilação. Então = um estado de stress oxidativo alto.
Fizemos um estudo em crianças autistas onde encontramos baixo nível de folato e B12. Essas crianças apenas tinham 50% do nível normal de glutathiona no sangue, ou seja,  metilação prejudicada.
A molécula de glutathiona pode reduzir stress oxidaticvo como H2O2 GSSG = glutahiona oxidada se ligando à molécula de hidrogênio.
A questão é que muitas células do corpo operam num nível específico e ideal para fazer as enzimas e células trabalharem da melhor forma.
 Tudo bem, qualquer pessoa pode ter inflamação por um tempo, mas isso passa. O problema é quando temos inflamação sistêmica e constante.
Então como as células fazem a glutathiona?
É feita no aminoácido cisteína.  A quantidade de glutathiona na célula é limitada pela quantidade de cisteína. Temos que prestar atenção na cisteína para saber como a natureza regula níveis de glutathiona.
As células em geral no GI e no sistema imune podem conseguir transporte de cisteina de fora pra dentro da célula para ser transformado em glutathiona. Só que tem fatores que desligam e que ligam esse transporte.
Ciclo de metilação – começa com a metionina que vc obtem da proteína em geral dos alimentos que se liga a um grupo súlfur uma vez ativada pela ATP. Tem muitas reações de metilação acontecendo ao mesmo tempo. A metilação dos nossos genes, a maetilação do nosso DNA. Vamos seguir esse raciocínio…
(Gente, aqui tenham em mente que não visualizo os slides dele e ele está mostrando aqui um esquema ilustrado que seria muito importante para o entendimento do processo)
 A Homocisteina é um ponto de decisão do ciclo: -Se vai pra esse lado “direito”, faço glutathiona (caminho do antioxidante)OU -Se vou para esse outro lado “esquerdo”-  Cisteína e glutathiona- se for o processo certo.
Mas “a esquerda” temos um novo grupo methil para fazer methionina denovo, do grupo folato – dependente da síntese de B12. Isso completa o ciclo. Pra que caminho a homocisteina vai?
Bem, depende do que vc precisa mais naquele momento! Esse é o processo natural do corpo! Se vc precisa de mais antioxidante então o caminho escolhido será do antioxidante em direção a glutathiona e a atividade de metilação não será a escolhida pq esse é o caminho relacionado ao stress oxidativo.
Se vc precisa de antioxidante, então a metilação é desligada. Oxidação regula metilação e metilação regula tudo!  É uma maneira de explicar tudo isso!
Mas onde conseguimos a cisteína?…na comida que consumimos! Proteínas ! A cisteína pode ou não ser absorvida pelo organismo!! Há várias coisas que implicam na absorção dela no trato GI, por exemplo! (Aqui eu parei pra pensar como não adianta mandar ver suplementação na criançada que está com trato GI todo “bagunçado” porque absorção não vai rolar e você não consegue ver resultado!)
Imagine esse processo – cisteína entra no corpo e vai para o sangue, que depois vai pro fígado e é convertida na sua forma oxidada… então, sai do fígado e vai para o cérebro, que só admite cisteína oxidada para prover antioxidantes aos neurônios.
O cérebro é um compartimento separado do resto do corpo. O cérebro precisa de antioxidante 10 vezes mais que o resto do corpo! O cérebro tem uma situação especial e está mais vulnerável se não tem o suficiente.
Se você olhar dentro dos neurônio e avaliar o que está dentro da celula nervo,  o resultado é uma menor quantidade encontrada que no resto do corpo.
Então, como eles conseguem fazer metabolismo ativado sem quantidade suficiente? Selênio é a resposta!  Eles precisam de muito selênio para compensar e quantidade baixa de glutathiona. Mas porque a glutathion está baixa se houver uma entrega maior de cisteína pro cérebro terá um grande efeito pq eles tinham pouco e se vc der mais faz gde diferença pros neurônios. O baixo nível de cisteína nos neurônios os deixa muito sensíveis em suas “sinalizações” que é a habilidade de controlar a célula mudando seu nível de glutathiona.
Vamos ver alguns truques do cérebro. Podemos estimular ou bloquear esse processo de sinalização!
 No processo de transsulfuração que é a conversão da homocisteina em antioxidantes. Transulfuração = O caminho de fazer antioxidantes. (eu não tenho certeza aqui se é trasnsulfatação o termo correto em português)
A enzima metionina sintetase é muito sensível ao estado oxidativo da célula. Se há um problema de oxidação ele desliga a síntese de metionia para que homocisteina faça mais antioxidantes. O Co-fator aqui nesse processo é a B12. Nos autistas, se não há antioxidantes suficientes isso n vai funcionar direito. Se há um problema de oxidação ele desliga várias reações de metilação como a melatotina, níveis de creatinina, etc… TODOS são controlados pelas condições de oxidação!  Sendo que a metilação de DNA é a mais importante delas!
Quando o DNA é metilado, carbonos são adicionados em lugares específicos e quando essa metilação é pesada ou densa os genes são condensados juntos e desligados. Se não estão metilados estão “abertos” e disponíveis para serem ligados. Então, vc pode ligar ou desligar genes apenas controlando o nível de metilação de DNA. O que é muito importante, especialmente durante os anos de desenvovimento da pessoa.
Então temos uma enzima que controla metilação e síntese de antioxidante. Esse equilíbrio é necessário!
Observando cérebros pos mortem de crianças autistas elas têm menos mensageiros RNA, é como se fossem pessoas idosas, porque isso diminui mesmo com a idade. Então é isso que parecia que estávamos analisado o cérebro de um idoso nesse aspecto. Quando vc é jovem tem que ter níveis bem maiores e isso tem a ver com neuroplasticidade, ou seja …formação de sinapses! (Nota minha: essa parte Merzenich não tinha me contado! Chocada! Mas, tem mais…)
Metilação controla tanto o metabolismo que vc pode fazer tantas sinapses e melhorar a memória e fazer novas conexões à partir dela. Se vc perde neuroplasticiade vc não retém muita informação. Queremos ampliar e mudar conexões e não deixá-las estáticas que é o que de fato pode acontecer no cérebro do autista afetado nesse processo. O que só ocorreria naturalmente na velhice. Este ainda é um conceito que estamos aplicando e estudando.
Então, as reações de metilação afetam cada etapa do processo bioquímico pelo qual o DNA é convertido em RNA mensageiro e RNA mensageiro converte-se em proteínas que duram por um tempo, mas logo tem que ser revigoradas e refeitas … e todos esse eventos estão sujeitos à regulação de metilação! Então é um processo controlador de todas essas funções! Todos os sistemas são responsivos a esse sistema central!
Então desenvolvemos um estudo para classificar as diferentes formas de b12.
Não está publicado o estudo ainda, está em processo e deve sair por estes dias, mas em indivíduos normais o nivel de b12 no cortex pre- frontal em um grupo de 60 a 80 anos é muito baixo comparado a um grupo de pessoas que têm até 20 anos, por exemplo. No sangue os níveis não mudam, mas no cérebro sim! O cérebro perdeu MB12 ao longo dos anos!  Isso indica que há uma diminuição com a idade.
Em cérebros de fetos – MB12 é alta, mas já começa a diminuir quando a criança nasce!  Ciano cobalamina é uma forma instável de b12 e é alto nos cérebros do feto! Nem sabemos de onde veio essa ciano cobalamina. Provavelmente de uma bactéria que faz grupos ciano da placenta da mãe!
 E então nos cérebros das crianças com autismo, podemos constatar que possuem menos de 1/3 do ideal para a idade em um estudo com cérebros  de idade entre  4 a 10 anos. Então, sim há um deficit de MB12 nessas crianças.
É uma característica específica do cérebro autista e o problema é como fazer a MB12 chegar no cérebro e atravessar a BHE . Há sinais que não há glutathiona suficinete nessas crianças, então há algo que limita a disponibilidade de MB12! Só pessoas idosas tem essas mesmas deficiências que as crianças autistas.
Também medimos metabolitos nesse cérebros. Há um padrão anormal . Crianças com autismo mostram ter menos . É como se os cérebros autistas tivessem mostrando sinais prematuros de pessoas com idade já avançada.
O que controla, portanto, a entrada dessa B12 no cérebro?  É isso que precisamos saber. Parece ser (o que ele chamou de) “acloroid plexis”  – é onde os vasos sanguíneos interagem com as células epiteliais que regulam a entrada de substancias no cérebro. Então pensamos que as proteinas  (que ele chamou de) “megalin”  interage com outras proteinas e isso ajuda a levar a carga pro cerebro. São proteinas que conectam com a B12. Essas moléculas “megalin” são chave pra transportar b12 pra dentro da BHE, cruzar a barreira sanguinea cerebral.  Acreditamos que o deficit nesse processo pode estar sensivel justamente ao stress oxidativo!
 Essa “via” também é a forma como o folato entra no cérebro! Então vejam que temos 2 fatores principais aqui (entrada de B12 e de folato) implicando na síntese de metionina! A falha nesse processo de transporte geraria baixo folato e baixa B12 no cérebro, essa é a hipótese na qual estamos trabalhando.
Então autismo tem a a ver com estresse oxidativo e glutathion.  Então por que algumas crianças autistas se dão melhor com a dieta SCSG ?
Vamos conectar os pontos.  Ingestão de gluten e caseina interferem no processo de absorção de cisteina!
As intolerâncias alimentares crescem na sociedade, principalmente ao leite e gluten. Reconhecemos que na proteina do leite – caseina, é quebrado na digestão e libera os peptídeos opióides fazendo atividade de caseomorfinas – o leite age como a morfina mesmo para as moléculas. O leite de vaca pode dar mais ou menos efeito nesse sentido.
Tanto o gluten como a caseína inibem a entrada de cisteína e, portanto, os níveis de glutathion caem!  Lembrem-se que o trato intestinal é a entrada do corpo para suprimento de cisteína.
Torna-se um problema sistêmico se a absorção de cisteína não der certo, pois não chegará ao cérebro. Vai sair um trabalho publicado sobre isso a qualquer momento.
Então, nesse processo aumenta-se também estresse oxidativo. Os efeitos epigenéticos do leite e do gluten são notáveis. A epigenética é a interação dos genes com o seu embiente, é uma serie de processos metabólicos, cujo mais importante é a metilação do DNA. Ela pode reprimir expressão dos genes ou regulá-los e sem mudar a sequência, mas pode ser passado de geração a geração. Gens podem ser ligados ou desligados, mas se estamos expostos a isso ou aquilo isso afeta não só uma, mas todas as gerações seguintes, esse impacto é contínuo, isso é epigenética. É a marca que deixamos nas nossas células para as nossas futuras gerações. (Nota minha: ele perguntou para a platéia quem sabia o que era epigenética e convocou todos a se familiarizarem com o termo, pois deve nortear muita coisa e deve chamar atenção e crescer sua importância pro tratamento do autismo nos próximos anos, ainda vem muita novidade na área de epigenética por aí!) (e eu imagino que na nutrigenômica também)
Minha mensagem final que amarra minha palestra:
O cérebro é um compartimento epigenético especial onde o estresse oxidativo atua como uma ferramenta fazendo mudanças epigenéticas que envolvem a metilação.
Quando isso dá errado nos estágios prematuros do desenvolvimento você tem o autismo. Quando dá errado no meio do caminho você tem a esquizofrenia.  E quando dá errado no final da vida você tem alzheimer e outras doenças degenerativas do cérebro!
FIM
(Tradução e resumo livres por: Evellyn Diniz)
Imagem
 FONTE:http://poderdospais.wordpress.com/2014/06/02/autism-one-2014-dr-richard-deth-vitamina-b12-atividade-de-sintese-de-methionina-e-status-de-thiol-metabolite-no-cerebro-autista/

sábado, 17 de maio de 2014

Estudo sugere que autismo pode desaparecer

Estudo sugere que autismo pode desaparecer


 
 2198 14 8
Algumas crianças com diagnóstico de autismo deixaram de ter os sintomas que caracterizam a doença. As conclusões de um estudo americano põem em causa a ideia de que se trata de uma condição incurável e para toda a vida, mas os especialistas reagem com cautela.
 
foto JOANA BOURGARD/Arquivo JN
Estudo sugere que autismo pode desaparecer
Autismo é uma perturbação do desenvolvimento
 
O estudo do Instituto Nacional de Saúde dos EUA, publicado no "Journal of Child Psychology and Psychiatry", sugere que o autismo pode desaparecer nalgumas crianças, mas não é conclusivo. São necessárias mais pesquisas para explicar estes resultados.
Deborah Fein, investigadora da Universidade de Connecticut, citada pela BBC, explica que estudou 34 crianças a quem foi diagnosticada a perturbação de autismo nos primeiros anos de vida, bem como outras 34 sem qualquer problema da mesma turma.
Os resultados da avaliação cognitiva e comportamental foram idênticos em todos os alunos. Ou seja, não foram detetados quaisquer problemas de linguagem, reconhecimento facial, comunicação ou interação - sintomas característicos do autismo.
Foram também avaliadas outras 44 crianças da mesma idade, sexo e com quoficiente de inteligência não verbal idênticos e que tinham sido sinalizadas com autismo de elevado funcionamento (também designado de síndrome de Asperger), uma perturbação que se integra no espectro do autismo, mas sem afetação de inteligência e com sintomatologia menos grave. Da comparação das crianças que revelaram já não ter sintomatologia autística com os de elevado funcionamento ficou claro que os défices sociais dos primeiros eram mais ligeiros, ainda que acompanhados de problemas graves de comunicação e comportamentos repetitivos.
Os investigadores analisaram os processos clínicos para determinar se os diagnósticos teriam sido bem estabelecidos e não foram encontrados motivos para colocar em causa a sua exatidão.
O diretor do Instituto Nacional de Saúde Mental dos EUA, Thomas Insel, considera que, embora o diagnóstico de autismo geralmente não mude com a idade, este estudo sugere que há um leque variado de possíveis resultados e que é preciso aprofundar o impacto da terapia e de outros fatores no desenvolvimento a longo prazo da doença.
O reduzido número de crianças estudadas é uma das críticas apontadas à controversa investigação. "É preciso não tirar conclusões apressadas acerca da natureza e complexidade do autismo", adverte a diretora da Sociedade Nacional do Autismo do Reino Unido. E acrescenta que "com terapia e apoio intensivos, é possível que um pequeno grupo de indivíduos com autismo altamente funcional aprendam estratégias que podem mascarar a condição e alterar os resultados dos testes". Realça, porém, que até os autores da investigação reconhecem que o autismo é condição que não se perde ao longo da vida e que é fundamental não deixar de apoiar os portadores e suas famílias.
A Associação Americana de Psiquiatria está atualmente a rever o Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais, a "bíblia" que médicos e psicólogos usam para classificar as doenças de foro psicológico. A nova versão deverá optar pela designação de "perturbação do espectro do autismo" para as diversas formas de autismo.
O autismo é uma perturbação do desenvolvimento que se manifesta por dificuldades sociais e de comunicação e padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades.