segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Deficiência de aminoácidos causadora de forma rara de autismo



                                    Deficiência de aminoácidos causadora de forma rara de autismo
Uma forma rara e hereditária de autismo foi descoberta e talvez possa ser tratada com suplementos de proteína.
O sequenciamento do genoma de seis crianças com autismo revelou uma mutação em um gene que interrompe a destruição de diversos aminoácidos essenciais. Camundongos sem esse gene desenvolveram problemas neurológicos relacionados ao autismo que foram revertidos com a alteração da dieta, mostra um artigo na revista Science.
‘Talvez essa seja a primeira forma tratável de autismo’, afirmou Joseph Gleeson, neurologista infantil da Universidade da Califórnia, em San Diego, que liderou o estudo. ‘Isso é estimulante para as famílias atingidas pelo autismo e acredito que também desvende os mecanismos subjacentes da doença.’
Ele enfatiza, porém, que provavelmente essas mutações sejam responsáveis por somente uma pequena porcentagem dos casos de autismo. ‘Não prevemos que este estudo terá implicações para os pacientes com autismo de um modo geral’, afirmou Gleeson. Além disso, por enquanto não há comprovação de que os suplementos de dieta ajudarão as seis crianças, cuja mutação foi identificada pelos cientistas por meio do sequenciamento do exoma – a parte do genoma que codifica proteínas.

A família
As crianças são descendentes de três famílias do Oriente Médio e em todas elas os pais são primos de primeiro grau. Estudar famílias como essas torna mais simples a busca por mutações recessivas raras subjacentes a certas formas de autismo do que na população em geral, porque é maior probabilidade de a criança nascer com duas cópias da mutação recessiva, afirma Gleeson.
A equipe de Gleeson identificou em todas as famílias a mutação que desativa a enzima BCKD quinase, que, em circunstâncias normais evita que o organismo processe aminoácidos de cadeia ramificada, chamados de leucina, isoleucina e valina, após as refeições. Os seres humanos não conseguem sintetizar esses aminoácidos e precisam obtê-los dos alimentos.
‘Conjecturamos que os pacientes processariam por completo esses aminoácidos’, afirmou Gleeson. A previsão estava correta. O nível de aminoácidos de cadeia ramificada no sangue das crianças após as refeições era baixo. Camundongos sem o gene que codifica a BCKD-quinase também tinham níveis baixos desses aminoácidos no sangue e tecidos.
Problemas de transporte
Continua sendo um enigma a forma como essa deficiência causa o autismo. Os aminoácidos de cadeia ramificada entram no cérebro por meio de transportadores especializados na fortaleza de células protetoras cerebrais conhecida como barreira hematoencefálica (BHE). As proteínas transportadoras também transferem grandes aminoácidos para o interior do cérebro e quando o nível de aminoácidos de cadeia ramificada está baixo, mais dessas moléculas grandes conseguem penetrar. A equipe de Gleeson descobriu níveis altos desses grandes aminoácidos no cérebro de camundongos sem o gene da BCKD-quinase.
Gleeson sugere que os sintomas do autismo são causados por níveis baixos de aminoácidos de cadeia ramificada, níveis altos desses outros aminoácidos e a combinação dos dois fatores. Os aminoácidos que estavam presentes em níveis elevados no cérebro de camundongos mutantes fornecem matéria-prima para duas substâncias químicas neurotransmissoras, e as sinapses nas quais essas substâncias são liberadas estão envolvidas com o autismo.
Esse desequilíbrio químico pode ser tratado, ao menos em camundongos. Os camundongos mutantes tinham problemas neurológicos típicos da variante do autismo nesses animais, incluindo tremores e ataques epiléticos. Contudo, os sintomas desapareceram menos de uma semana depois de eles serem submetidos a uma dieta enriquecida com aminoácidos de cadeia ramificada.
A equipe de Gleeson experimentou adicionar às dietas das crianças com essa forma de autismo suplementos para formação de músculos, que contêm aminoácidos de cadeia ramificada. Os pesquisadores descobriram que os suplementos fazem com que o nível de aminoácidos no sangue das crianças retorne ao normal. Em relação aos sintomas de autismo, Gleeson afirma que ‘os pacientes não pioraram e seus pais afirmam que eles melhoraram, mas são informações sem comprovação científica’.

Exame de sangue
A equipe espera realizar experimentos clínicos devidamente controlados para observar se os suplementos alimentares aliviam os sintomas nas crianças. Agindo com esse propósito, Gleeson quer identificar mais pacientes com a mutação do gene da BCKD-quinase. Eles provavelmente são difíceis de encontrar, mas a triagem metabólica e o sequenciamento do genoma deverão identificar alguns poucos, afirma. ‘Eles estão por aí, em algum lugar’, acrescenta o cientista.
Matthew Anderson, médico-cientista do Centro Médico Beth Israel Deaconess e da Faculdade de Medicina de Harvard, em Boston, afirma que o estudo incentivará outros pesquisadores a investigar as vias metabólicas enquanto causa do autismo. Diversos distúrbios metabólicos raros, como a fenilcetonúria – em que o corpo não consegue processar o aminoácido fenilalanina – podem ser associados a distúrbios do espectro autista se não forem tratados. Muitas conexões desse tipo talvez passem despercebidas nos consultórios.
‘Nos próximos 5 a 10 anos a genética humana identificará se 5 ou 10 por cento dos casos são causados por distúrbios metabólicos e se existe um desequilíbrio simples capaz de ser corrigido pela alimentação’, afirma Daniel Geschwind, neurogeneticista da Universidade da Califórnia, em Los Angeles. ‘Isso é empolgante.’


 FONTE:
 
The New York Times News Service/Syndicate – Todos os direitos reservados.

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