sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Pais pedem políticas públicas para autistas no Senado

Pais de autistas discursaram pedindo políticas públicas específicas para pessoa com autismo, no Senado Federal (Brasília, DF), dia 27.junho.2011, em em sessão especial para homenagear ao Dia do Orgulho Autista (todo 18 de junho).

A sessão aconteceu por solicitação do senador Paulo Paim (PT-RS), que tem dado atenção especial à causa, sendo o relator do projeto de lei -- aprovado duas semanas antes, no dia 15.junho.2001 -- que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa Autista -- Projeto de Lei do Senado (PLS) 168/2011, criado por sugestão inicial da Associação em Defesa do Autista (Adefa), do Rio de Janeiro, mais especificamente pela diretora Berenice Piana de Piana, mãe de um garoto com autismo. O projeto está agora na Câmara dos Deputados, sob o número PL 1631/2011, para análise e votação (veja tramitação). Se aprovado, segue para sanção da presidente Dilma.



Em seu pronunciamento, Ulisses da Costa Batista, pai de um adolescente autista, declarou que "o Brasil não conseguiu viabilizar terapias voltadas às especificidades das pessoas com autismo, deixando inúmeras famílias sem acesso ao diagnóstico precoce, ao tratamento multidisciplinar e ao acompanhamento às famílias". Ele também disse que o avanço do autismo no mundo "impressiona". Ulisses citou uma estimativa segundo a qual, em 1990, havia um caso para cada 2,5 mil crianças nascidas, enquanto hoje haveria um caso para cada 110 crianças nascidas. Ulisses defende os direitos dos autistas há mais de dez anos.



FOTO: Agência Senado. Plenário do Senado durante sessão especial, após apresentação de Saulo Laucas.Outro pronunciamento que cobrou ação dos governantes foi do editor-chefe desta Revista Autismo, o jornalista Paiva Junior. Ele foi duro ao dizer que os dados atuais da falta de inclusão e tratamento para os autistas no Brasil deveria "constranger os senadores".

A defensora pública de São Paulo, Renata Flores Tibyriçá enfatizou a dificuldade na luta diária pela busca de tratamento, principalmente pelas famílias de menor renda.

Berenice Piana de Piana, da Adefa, emocionou a todos lembrando das pessoas anônimas que estão nesta luta pela melhoria da qualidade de vida dos autistas no Brasil.

No final, a sessão teve a apresentação de Saulo Laucas, que, além de autista e cantor lírico, é cego.



Premiação



A sessão também contou com a premiação realizada por Fernando Cotta. O Prêmio Orgulho Autista foi entregue ao senador Paulo Paim (na categoria político destaque), ao pai Ulisses da Costa Batista (pela atitude de denunciar o Brasil junto à OEA, Organização dos Estados Americanos) e, por último, ao jornalista Paiva Junior, por esta Revista Autismo (categoria imprensa escrita) -- veja os vencedores das demais categorias.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O Programa Son-Rise®

O Programa Son-Rise®

“A participação espontânea da criança em interações dinâmicas, envolventes e estimulantes é fator chave para o tratamento e recuperação do autismo.”


Facilitadora do Autism Treatment Center of America e criança
O Programa Son-Rise® apresenta uma abordagem altamente inovadora e dinâmica ao tratamento do autismo e outras dificuldades de desenvolvimento similares – uma abordagem relacional, onde a relação entre pessoas é valorizada. O Programa Son-Rise não é um conjunto de técnicas e estratégias a serem utilizadas com uma criança. É um estilo de se interagir, uma maneira de se relacionar com uma criança que inspira a participação espontânea em relacionamentos sociais. Os pais aprendem a interagir de forma prazerosa, divertida e entusiasmada com a criança, encorajando então altos níveis de desenvolvimento social, emocional e cognitivo.

Psicólogos e especialistas em desenvolvimento infantil têm apontado há décadas que crianças que possuem um desenvolvimento típico aprendem melhor através de experiências interativas e emocionalmente prazerosas com outras pessoas. Nestas interações, a criança é um participante ativo ao invés de um recipiente passivo de informação. Nos últimos dez anos, os pesquisadores têm percebido que o mesmo vale para crianças com autismo e dificuldades similares. As novas perspectivas e pesquisas em relação ao autismo estão começando a perceber recentemente aquilo que o Programa Son-Rise já vem praticando há anos. Este programa tem sido utilizado internacionalmente por mais de 30 anos com crianças e adultos representantes de todo o Espectro do Autismo e dos Transtornos Globais do Desenvolvimento.

Facilitador do Autism Treatment Center of America e criança
No início dos anos 70, o casal Barry e Samahria Kaufman, fundadores do Programa Son-Rise®, ouviram dos especialistas que não havia esperança de recuperação para seu filho Raun, diagnosticado com autismo severo e um QI abaixo de 40. Decidiram porém acreditar na ilimitada capacidade humana para a cura e o crescimento, e puseram-se à procura de uma maneira de aproximar-se de Raun. Foi a partir da experimentação intuitiva e amorosa com Raun, há cerca de 30 anos, que eles desenvolveram o Programa Son-Rise. Raun se recuperou de seu autismo após 3 anos e meio de trabalho intensivo com seus pais. Ele continuou a se desenvolver de maneira típica, cursou uma universidade altamente conceituada e agora é o CEO do Autism Treatment Center of America, fundado por seus pais em Massachusetts, nos EUA. Desde a recuperação de Raun, milhares de crianças e adultos utilizando o Programa Son-Rise têm se desenvolvido muito além das expectativas convencionais, algumas delas apresentado completa recuperação.

Mariana Tolezani da Inspirados pelo Autismo no quarto de brincar
O Programa Son-Rise é centrado na pessoa com autismo. Isto significa que o tratamento parte do desenvolvimento inicial de uma profunda compreensão e genuína apreciação da pessoa, de como ela se comporta, interage e se comunica, assim como de seus interesses. O Programa Son-Rise descreve isto como o “ir até o mundo da pessoa com autismo”, buscando fazer a ponte entre o mundo convencional e o mundo desta pessoa em especial. Com esta atitude, o adulto facilitador vê a pessoa como um ser único e maravilhoso, não como alguém que precisa “ser consertado”, e pergunta-se “como eu posso me relacionar e me comunicar melhor com essa pessoa?” Quando a pessoa com autismo sente-se segura e aceita por este adulto, maior é a sua receptividade ao convite para interação que o adulto venha a fazer.

Facilitador do Autism Treatment Center of America e criança
O Programa Son-Rise oferece uma abordagem prática e abrangente para inspirar a pessoa com autismo a participar espontaneamente de interações divertidas e dinâmicas com outras pessoas, tornando-se aberta, receptiva e motivada para aprender novas habilidades e informações. A participação da pessoa nestas interações é então fator chave para o tratamento e recuperação do autismo. E o papel dos pais é essencial neste processo de tratamento.

Durante todo o processo, o crescimento emocional dos pais é enfatizado. Orientação atitudinal é oferecida para os pais para ajudá-los a trabalhar quaisquer crenças limitantes ou sentimentos negativos em relação a eles mesmos, à criança ou ao diagnóstico da criança. Instruções práticas são oferecidas para auxiliar os pais na criação de uma nova perspectiva que permita que se relacionem com a criança a partir de um sentimento de apreciação e alegria.

“Toda a aprendizagem acontece no contexto de uma interação divertida, amorosa e espontânea que inspira tanto pais como filhos. Pais que utilizam o Programa Son-Rise relatam não somente um progresso magnífico no desenvolvimento dos filhos, mas também uma melhora dramática em seu próprio bem-estar emocional.”


O Programa Son-Rise propõe a implementação de um programa dirigido pelos pais na residência da criança ou adulto com autismo. As sessões individuais (um-para-um) são realizadas em um quarto especialmente preparado com poucas distrações visuais e auditivas, contendo brinquedos e materiais motivadores que sirvam como instrumento de facilitação para a interação e subseqüente aprendizagem. Devido às diferenças neurológicas apresentadas por uma criança com autismo, os pais aprendem um novo estilo de interação que difere de como eles se relacionam com crianças de desenvolvimento típico.

Mãe e filha em uma sessão do Programa Son-Rise
O Programa Son-Rise é lúdico. A ênfase está na diversão. Isto significa que os pais, facilitadores e voluntários seguem os interesses da criança e oferecem atividades divertidas e motivadoras nas quais a criança esteja empolgada para participar. O mesmo aplica-se para o trabalho com um adulto. As atividades são adaptadas para serem motivadoras e apropriadas ao estágio de desenvolvimento específico do indivíduo, qualquer que seja sua idade. Uma vez que a pessoa com autismo esteja motivada para interagir com um adulto, este adulto facilitador poderá então criar interações que a ajudarão a aprender todas as habilidades do desenvolvimento que são aprendidas através de interações dinâmicas com outras pessoas (por exemplo, o contato visual “olho no olho”, as habilidades de linguagem e de conversação, o brincar, a imaginação, a criatividade, as sutilezas do relacionamento humano). O Programa Son-Rise instrui os pais na criação destas efetivas interações com a criança ou adulto de forma que eles possam dirigir o programa de seus filhos e ajudá-los durante todas as interações diárias com eles.

“Quando cheguei ao Option Institute para fazer o Son-Rise Start-Up Program, senti o tamanho do amor que Bears e Samahria Kaufman tiveram para construir aquele lugar. O Programa Son-Rise não foi apenas uma busca de um método terapêutico para trabalhar com meu filho, mas também uma sensação maravilhosa de estar junto a uma “nova família” que estava ali me dando um grande apoio e carinho. Redescobri meu filho e a mim mesma. Esse programa extraordinário me mostrou claramente que ter um filho tão especial é mais do que uma virtude...é simplesmente o encontro do crescimento pessoal, da realização plena e da felicidade.”
Aurea B.
Brasíllia