Autismo e Epilepsia
Crianças com TEA têm maior chance de evoluírem com epilepsia (em torno de 11,2%), e crianças com epilepsia também apresentam maior risco de serem diagnosticadas com TEA em algum momento da vida (aproximadamente 8,1%). Essa relação não é casual e não é completamente compreendida pela ciência. Infelizmente, não conseguimos prever quais crianças com TEA desenvolverão crises epilépticas, de modo que é fundamental que os pais tenham conhecimento sobre o assunto.
O que é epilepsia?
Os neurônios cerebrais comunicam-se entre si através de informações elétricas ou químicas. Quando, em um determinado ponto do cérebro, um grupo de neurônios passa a gerar descargas elétricas de modo excessivo e síncrono, estas células podem dar origem a uma crise epiléptica “focal”. Quando grupos muito extensos de neurônios de ambos os hemisférios cerebrais passam a gerar descargas elétricas excessivas e simultaneamente, pode haver o surgimento de crises epilépticas que chamamos de “generalizadas”.
Sabidamente, existem diversos tipos de crises epilépticas, algumas muito evidentes, com manifestações motoras exuberantes, e outras mais discretas, que podem até passar desapercebidas.
Em quais idades a epilepsia pode acontecer?
Nas crianças com TEA, existem dois momentos em que o risco de apresentar uma primeira crise epiléptica é maior: no primeiro ano de vida e na puberdade (acima dos 10 anos). Mas isso está longe ser uma regra. Crises epilépticas em pessoas com autismo podem ocorrer na infância, adolescência, juventude ou mesmo na fase adulta da vida.
Um fator que pode dificultar a identificação de crises epilépticas em crianças autistas é a dificuldade na coleta de informações diretas com o paciente. Há crises que não apresentam movimentos corporais significativos e, nesses casos, a descrição dos sintomas por parte do paciente é muito importante para o diagnóstico.
Por exemplo: existem crises epilépticas que se manifestam exclusivamente por alterações visuais, por alterações auditivas ou mesmo pela sensação de formigamento em determinada parte do corpo. Desse modo, caso o paciente não seja capaz de relatar precisamente o que está sentindo, o diagnóstico ficaria muito comprometido.
Quais os pacientes que possuem mais chances de ter uma crise?
As crianças com TEA e deficiência intelectual, com determinadas síndromes genéticas, doenças metabólicas ou complicações no período perinatal, possuem ainda mais risco do que aquelas sem essas associações.
A epilepsia causa o TEA?
Está é uma pergunta que ainda não possui uma resposta satisfatória pela neurociência.
Existem síndromes epilépticas que, quando muito graves e/ou não tratadas adequadamente, poderiam contribuir para uma piora ou desenvolvimento do TEA. Dentre essas estão algumas síndromes epilépticas muito graves (encefalopatias epilépticas), como a síndrome de West, síndrome de Dravet (epilepsia mioclônica severa de infância), síndrome de Landau-Kleffner, síndrome de Doose, síndrome de Ohtahara e Lennox-Gastaut.
Ainda não sabemos se essa associação ocorre porque as crises, em si, causaram lesão neurológica e secundariamente o TEA ou se a causa das crises (genética/ metabólica) também causa o TEA.
De qualquer forma, as crises devem ser tratadas adequadamente, por conta do próprio risco da epilepsia e pelo fato de que alguns estudos mostram melhora do comportamento social e verbal em crianças com melhor controle de crise.
O que as alterações no eletroencefalograma (EEG) significam?
As alterações no EEG podem acontecer em até 60% dos pacientes com TEA, mesmo na ausência de crise epiléptica, mas ainda não existem muitos estudos que mostrem que o tratamento com antiepilépticos seja benéfico na ausência de epilepsia. Desse modo, em linhas gerais, somente iniciamos tratamento medicamentoso com fármacos antiepilépticos se o paciente realmente apresentar uma ou mais crises epilépticas.
Existem outras doenças neuropsiquiátricas que devem ser investigadas?
Sim! Crianças com TEA e epilepsia também têm risco de desenvolver outras doenças como a deficiência intelectual, já citada, além do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), do transtorno de ansiedade e distúrbios de sono.
Assim, todas essas crianças devem ser ativamente investigadas, incluindo avaliação do desempenho escolar e devidamente tratadas (incluindo terapias e/ou medicamentos).
Todo comentário é bem vindo! minha intenção é passar toda minha experiência e trajetória vividas com nosso filho autista! Qualquer dúvida estamos a disposição para poder ajudar!
Renata e Alexandre