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sábado, 17 de maio de 2014

Estudo sugere que autismo pode desaparecer

Estudo sugere que autismo pode desaparecer


 
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Algumas crianças com diagnóstico de autismo deixaram de ter os sintomas que caracterizam a doença. As conclusões de um estudo americano põem em causa a ideia de que se trata de uma condição incurável e para toda a vida, mas os especialistas reagem com cautela.
 
foto JOANA BOURGARD/Arquivo JN
Estudo sugere que autismo pode desaparecer
Autismo é uma perturbação do desenvolvimento
 
O estudo do Instituto Nacional de Saúde dos EUA, publicado no "Journal of Child Psychology and Psychiatry", sugere que o autismo pode desaparecer nalgumas crianças, mas não é conclusivo. São necessárias mais pesquisas para explicar estes resultados.
Deborah Fein, investigadora da Universidade de Connecticut, citada pela BBC, explica que estudou 34 crianças a quem foi diagnosticada a perturbação de autismo nos primeiros anos de vida, bem como outras 34 sem qualquer problema da mesma turma.
Os resultados da avaliação cognitiva e comportamental foram idênticos em todos os alunos. Ou seja, não foram detetados quaisquer problemas de linguagem, reconhecimento facial, comunicação ou interação - sintomas característicos do autismo.
Foram também avaliadas outras 44 crianças da mesma idade, sexo e com quoficiente de inteligência não verbal idênticos e que tinham sido sinalizadas com autismo de elevado funcionamento (também designado de síndrome de Asperger), uma perturbação que se integra no espectro do autismo, mas sem afetação de inteligência e com sintomatologia menos grave. Da comparação das crianças que revelaram já não ter sintomatologia autística com os de elevado funcionamento ficou claro que os défices sociais dos primeiros eram mais ligeiros, ainda que acompanhados de problemas graves de comunicação e comportamentos repetitivos.
Os investigadores analisaram os processos clínicos para determinar se os diagnósticos teriam sido bem estabelecidos e não foram encontrados motivos para colocar em causa a sua exatidão.
O diretor do Instituto Nacional de Saúde Mental dos EUA, Thomas Insel, considera que, embora o diagnóstico de autismo geralmente não mude com a idade, este estudo sugere que há um leque variado de possíveis resultados e que é preciso aprofundar o impacto da terapia e de outros fatores no desenvolvimento a longo prazo da doença.
O reduzido número de crianças estudadas é uma das críticas apontadas à controversa investigação. "É preciso não tirar conclusões apressadas acerca da natureza e complexidade do autismo", adverte a diretora da Sociedade Nacional do Autismo do Reino Unido. E acrescenta que "com terapia e apoio intensivos, é possível que um pequeno grupo de indivíduos com autismo altamente funcional aprendam estratégias que podem mascarar a condição e alterar os resultados dos testes". Realça, porém, que até os autores da investigação reconhecem que o autismo é condição que não se perde ao longo da vida e que é fundamental não deixar de apoiar os portadores e suas famílias.
A Associação Americana de Psiquiatria está atualmente a rever o Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais, a "bíblia" que médicos e psicólogos usam para classificar as doenças de foro psicológico. A nova versão deverá optar pela designação de "perturbação do espectro do autismo" para as diversas formas de autismo.
O autismo é uma perturbação do desenvolvimento que se manifesta por dificuldades sociais e de comunicação e padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades.